quinta-feira, março 27
quarta-feira, março 26
TRABALHO 1ªs SÉRIES - VITAMINAS
Vitaminas: Ilustres
desconhecidas
por Lúcia Helena de
Oliveira
Uns
precisam delas sem desconfiar da falta que fazem. Outros as procuram na hora
errada e podem comprar encrenca. Todos falam em vitaminas, mas nem os
cientistas sabem direito o que de fato elas são.
Elas
estão na boca do povo porque, dizem as más-línguas, embelezam, atacam agentes
nocivos, espantam o cansaço, aumentam o desejo, abrem o apetite, tonificam os
músculos, melhoram o raciocínio, aceleram o crescimento das crianças e freiam o
envelhecimento. Todos consideram essas substâncias legítimas promotoras da boa
saúde. Cientistas lembram que as vitaminas ajudam em tantas funções que, sem
elas, o organismo não consegue cumprir todas as suas tarefas.
Elas
merecem o nome dado, em 1911, por Casimir Funk (1884-1967): vita, do latim, por
serem fundamentais à vida até dos microorganismos; já amina foi uma
generalização precipitada do bioquímico polonês: tempos depois, descobriu-se
que, ao contrário do que esse termo dá a entender, nem sempre essas substâncias
derivam da amônia. As diferenças, aliás, não se limitam às suas fórmulas
químicas. Vitaminas são nutrientes essenciais de que o organismo necessita em
pequeníssimas quantidades - e esta definição é o único ponto em comum entre
dezenas de substâncias, cada qual com um comportamento particular. Contudo,
dessas dezenas apenas treze recebem dos biólogos o crachá de vitamina, por
serem julgadas as mais importantes ou porque o organismo humano é incapaz de
produzi-las. A ordem em que esses compostos orgânicos foram identificados
transformou-se em ordem alfabética, o que faz um suco de frutas parecer sopa de
letrinhas, ao se analisarem as vitaminas contidas: A, B, C, D, E, K..
A
letra B, na verdade, designa um complexo de oito vitaminas muito diversas, mas
que confundiram os pesquisadores à primeira vista por terem sido encontradas
nas mesmas fontes alimentares. As confusões, aliás, também eram comuns porque
algumas moléculas de vitaminas são parecidas, até que se combinem com outras
substâncias no organismo para serem ativadas. A maior parte dessas
transformações ocorre no fígado, como se ali as vitaminas assumissem um encargo
especial de trabalho no complexo laboratório do organismo humano, onde se
operam as mais diversas reações químicas.
Prontas
para entrar em ação, elas às vezes reagem com outras moléculas, como faz a
vitamina A, a fim de formar pigmento do olho que precisa ser renovado para se
enxergar em detalhes ou ainda, quando está no escuro, para se perceberem as
formas dos objetos num jogo de sombras. As vitaminas também reagiriam com os
chamados radicais livres - complexas substâncias com cerca de mil átomos de
hidrogênio, formadas por fatores diversos como álcool e fumo. A reação, no
caso, foi observada apenas em laboratório, mas, se ocorre no corpo humano,
então as vitaminas conseguem literalmente tirar um anarquista de circulação:
muito reativo, o radical livre logo se gruda em uma célula e fica ali para
atrapalhar. Com o tempo, há mais anarquistas e mais confusão criam.
Por
isso, esses radicais estão ligados a processos degenerativos como o câncer e o
envelhecimento.Neste caso, eles se acumulam, agarrados às fibras de colágeno
que amarram as células dos tecidos. Estas acabam se rompendo como uma rede sob
excesso de peso - quando isso ocorre, as rugas aparecem no rosto. Ao formar
substâncias e neutralizar outras, as vitaminas são protagonistas nas reações e,
uma vez que são transformadas, se desgastam no desempenho desse papel. No
entanto, é como coadjuvante que elas atuam na maioria dos processos
bioquímicos, nas chamadas reações enzimáticas, que, entre outras coisas,
compõem a digestão.
O
amido que se come no pão, por exemplo, mistura-se com a água no aparelho
digestivo e forma o substrato, ou seja, a matéria-prima de um produto que o
organismo precisa fabricar. O produto, neste caso, é um combustível das
células, obtido quando certa enzima quebra as moléculas da matéria-prima,
recombinando as partes de um modo diferente - o da fórmula da glicose. Para
isso, as moléculas têm uma região, o sítio catalítico, que serve feito luva,
para as enzimas. Algumas vezes, porém, sobra espaço, e as enzimas, dentro do
sítio catalítico, dançam de um lado para outro. Sem um bom contato, as reações
para formar o produto não se desencadeiam. Neste aspecto, pode-se dizer que uma
refeição cheia de gorduras, carboidratos e proteínas é nada, senão houver
vitamina.
Esta
ajusta a enzima como o calço de uma mesa bamba e, no final, sai intacta. Assim,
é usada várias vezes em reações semelhantes, antes de ser eliminada. Daí porque
os alimentos só precisam repor milésimos ou até milionésimos de grama desse
nutriente. Seguindo à risca a dose diária recomendada pela Organização Mundial
de Saúde (OMS), quem viver setenta anos terá consumido apenas cerca de 30
gramas de B1 ou tiamina, as quais nem transbordariam numa xícara de cafezinho.
A importância desse consumo, porém, vale muito mais do que pesa. Se a ingestão
de qualquer vitamina for inferior ao ideal, paga-se a diferença com a própria
saúde. .
Carência
extrema de vitamina B1, por exemplo - cuja função é manter os nervos que
controlam os movimentos -, gera uma doença conhecida na China há mais de 4 mil
anos: o beribéri, cujo nome significa ao pé da letra "não posso",
alusão à dificuldade da vítima em se mexer. Mas as doenças, sejam menos ou mais
graves, não são o alarme da falta de vitaminas. De acordo com o médico Hélio
Vanucchi, da Universidade de São Paulo (Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto), "elas já são a última etapa de um processo de deficiência".
Estudando o problema há dezoito de seus 46 anos, ele explica que no início o
organismo esgota as reservas desses nutrientes e, em seguida, certas funções
orgânicas que dependiam da sua presença são interrompidas ou se tornam mais
lentas; ainda nesse estágio, não há sintomas.
Só
na terceira fase, às vésperas de ficar doente, a pessoa sente que algo está
errado. "Mas as sensações são tão imprecisas, como perda de apetite ou
irritabilidade, que poucos procuram um médico", conta Vanucchi. "E,
se procuram, sem ver sinal aparente de doença o médico pode não chegar ao
diagnóstico." Na área em que esse paulista de Araraquara se especializou,
a Nutrologia - estudo em Medicina da ação dos nutrientes -, costuma-se
considerar que para cada caso clínico existem nove ou dez casos de carência da
mesma vitamina nos estágios anteriores, tão difíceis de ser percebidos. A
duração de todo o processo varia conforme a vitamina que falta: doses
insuficientes de A transparecem após cerca de oito meses, enquanto um período
quatro vezes menor pode ser o bastante para que a vitaminaC a menos provoque o
escorbuto.
O
risco de se ter a doença, caracterizada por hemorragias, não existe apenas nos
livros de História, que relatam expedições marítimas fracassadas por sua causa.
Um estudo na França, realizado em 1980, mostra que 30 por cento dos idosos são
deficientes em vitamina C. Aliás, os franceses, de paladar tão requintado,
consomem apenas 80 por cento da dosagem ideal dessa vitamina e também de A, B2
e B6. Os dados americanos são mais surpreendentes: somente 35 por cento das
pessoas têm alimentação adequada para suprir as necessidades diárias de
vitaminas.
Não
há pesquisas semelhantes de quanta vitamina é servida no prato do brasileiro,
mas um levantamento de possíveis deficiências partiria de um número já
estabelecido: 40 milhões de subnutridos. Outra preocupação estatística
brasileira são os 12 milhões de alcoólatras. "O alcoolismo hoje é a maior
causa de doenças por falta de vitaminas, na população adulta mundial",
avalia o médico Vanucchi. Além de comer menos - logo, ingerir menos vitaminas -
o alcoólatra gasta uma imensa quantidade de vitaminas do complexo B para
metabolizar a bebida. Seu organismo ainda requisita maiores volumes de todas as
vitaminas que de algum modo reparam os danos nos tecidos causados pelo álcool.
Contudo, não são apenas os que têm
problemas de saúde, como os alcoólatras, que devem se preocupar com as doses de
vitamina de todos os dias. Na opinião do bioquímico Miguel Sérgio Zucas, da
Faculdade de Educação Física da USP, os atletas devem ficar de olho no consumo
de B1 , B2 e niacina. Enquanto trabalham, os músculos produzem uma substância,
o ácido pirúvico, que sem a vitamina B1 , transforma-se em ácido lático.
"Este tem um efeito irritante", explica Zucas, "e é o responsável
pelas dores musculares após a ginástica."
As
outras duas vitaminas agem na obtenção de energia em exercícios de baixa
intensidade e longa duração. "Sem elas, o cansaço chega mais rápido",
afirma o bioquímico, que cuidou para que os três nutrientes não faltassem aos
atletas das seleções brasileiras de vôlei, basquete e ciclismo, participantes
dos últimos Jogos Olímpicos em Seul. A experiência de onze anos estudando
quando os nutrientes entram em campo não resolve seu maior problema: "É
difícil calcular quanta vitamina um atleta consome.
Se ele me disser que gosta de alface, em
princípio cheia de B1, não me tranqüilizo. Como vou saber se a B1 ainda está
ali? Hoje são comuns as práticas que destroem essa vitamina, como jogar
bicarbonato nos vegetais para deixá-los mais bonitos".
A
preocupação de Zucas faz sentido: os alimentos parecem não ser os mesmos, a
começar porque as moléculas das vitaminas são sensíveis a mudanças de pH
(medida do teor de acidez ou alcalinidade de uma substância), alterações de
calor, umidade, luz, presença de oxigênio, deficiências do armazenamento e
outros fatores que participam da industrialização. Um nutricionista americano
analisou 730 alimentos industrializados. Em números redondos, os vegetais
perdem quase a metade das vitaminas, enquanto nas carnes restou somente um
terço do teor inicial desses nutrientes. "As perdas podem ser maiores na
preparação doméstica, ao passo que os equipamentos usados na indústria, por
exemplo, não deixam escapar o vapor", defende Pablo Padin Fernandez,
engenheiro de alimentos da Roche, laboratório líder no mercado mundial de
vitaminas.
De
fato, as vitaminas se dividem em dois grupos: A, D, E e K se dissolvem em
gordura e por isso são chamada de lipossolúveis; já a vitamina C e o complexo B
formam as hidrossolúveis, que se diluem na água. Este grupo foge pelo vapor ou
pela própria água do cozimento. A indústria tem ao menos, o recurso de
adicionar vitaminas sintetizadas para reparar perdas e danos dos produtos em
relação aos seus ingredientes frescos. "Pode-se acrescentar qualquer
vitamina a qualquer alimento", garante Fernandez.
De
fato, esses aditivos podem até enriquecer produtos de grande consumo com as
vitaminas das quais a população está mais carente. Nesse sentido, a primeira
experiência foi em 1916, quando os dinamarqueses acrescentaram vitamina A na
margarina para compensar a substituição da manteiga exportada, rica naquele
nutriente. Desde então, outros países seguiram o exemplo. O Canadá foi o
primeiro a criar, em 1975, um conselho de nutrição que, quando as autoridades
sanitárias julgam necessário, ordena suplementações nos alimentos a serem
consumidos em dada região. Nesta década, o Japão, a Suíça e a Grã-Bretanha
adotaram políticas semelhantes. Nesses países, a adição de vitaminas em alimentos
também passa por rigoroso controle. Chega a ser proibido acrescentar as
vitaminas das quais a população está bem suprida.
Não
é mais que um mito o conceito de que é melhor ter vitaminas em excesso do que
não tê-las. Na verdade, a presença de uma vitamina acima de certo nível faz tão
mal quanto sua ausência. Acreditava-se que somente as lipossolúveis ofereciam
esse risco, por se depositarem em tecidos gordurosos e no fígado, enquanto o
excesso de hidrossolúveis seria eliminado pelo suor e pela urina. As pesquisas
mais recentes mostram que mesmo essas vitaminas solúveis em água podem ter
efeito tóxico se ingeridas em altas quantidades. Apenas esses efeitos demoram
mais para aparecer.
A
observação aumenta a polêmica em torno da teoria de que grandes doses de
vitamina C seriam capazes de curar ou prevenir resfriados. É verdade que as
superdoses têm o aval de ninguém menos que o cientista americano Linus Pauling,
Prêmio Nobel de Química em 1954 (e da Paz oito anos mais tarde). "O
excesso dessa vitamina ajuda a formar oxalatos, substâncias que produzem os
cálculos renais", diz Bruno Carlos de Almeida Cunha, professor da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
Pauling,
no entanto, se auto prescreve 10 gramas diários de vitamina C, equivalentes a
duzentos copos de suco de laranja. Nos anos 60, ele proclamou que a vitamina C
aliviara os sintomas de um resfriado, e desde então as vendas dessa vitamina
quadruplicam em cada inverno europeu. Em laboratório, a vitamina C mostrou que
pode matar vírus, como o da gripe. Mas não há provas suficientes de que faça o
mesmo no corpo humano.
Na verdade, é bastante nebulosa a área
entre o necessário à saúde e os excessos nocivos. Teoricamente, nas dosagens
intermediárias, as vitaminas poderiam curar doenças. Na prática, só é certo que
são o melhor remédio para as doenças que sua própria ausência provoca.
Fonte: Superinteressante
abril de1989.
·
Faça um resumo das vitaminas citadas na
reportagem;
·
Escreva os benefícios das mesmas e os prejuízos
de sua falta;
·
Cite os alimentos onde podem ser encontradas;
·
Escreva um texto dissertativo sobre a
alimentação do brasileiro, com no mínimo 30 linhas;
·
Trabalho dentro da metodologia.
segunda-feira, março 24
REVOLUÇÕES
Estudando as Revoluções: Inglesa e Francesa, os alunos das 2ªs Séries do Ensino Médio, sob a orientação da professora Ana Mara, perceberam que os fatores socioeconômicos e políticos sempre foram palco dessas disputas.
Diferentes classes sociais se confrontaram ao longo da História e o desejo era sempre o mesmo, uma vida digna para o povo.
Analisando os fatos citados acima, os alunos fizeram uma comparação com a atual situação brasileira, representando através de desenhos o que eles gostariam que mudasse no Brasil.
TRABALHO 6º ANO ECOLOGIA
Educação Básica Padre Nóbrega
Data: _____/_____/2014
Disciplina: Ciências Professor: Marcus Vinicius Nota
Aluno (a):
__________________________________________
Série/Turma: _________________
Critérios Considerados na Avaliação: não rasure;
não use corretivo; use somente caneta azul ou preta; letra legível, clareza,
interpretação das questões e coerência nas respostas. Caso haja rasuras e
borrões será descontado 0,1 para cada um. As questões tem a pontuação assinalada ao lado.
|
1. Complete
as frases:
(0,8)
a) Para
sobreviver, as plantas devem estar num ambiente com água, _________________________,
sais minerais e __________________.
b) Para sobreviver, os animais carnívoros necessitam dos animais
_________________________, e estes necessitam das ___________________________.
c)
Tanto os vegetais quanto os
animais, para sobreviver, necessitam do ___________________________ produzido
pelas plantas por meio __________________________.
d)
Ecologia é o estudo das
relações entre os _________________________ e o _________________________.
2. Associe
corretamente a coluna da esquerda com a coluna da direita:
(0,8)
(a)
ecossistema ( ) indivíduos semelhantes que se
entrecruzam
(b)
comunidade ( ) conjunto de seres da mesma espécie
(c)
população ( ) conjunto de populações
(d) espécie ( ) seres vivos + ambiente
3. Num
ecossistema há os seguintes seres: lebre, bactéria, capim e onça.
Organize com esses seres uma
cadeia alimentar, indicando os vários níveis da cadeia:
4. Uma espécie B é
hospedeira de uma espécie A e de uma espécie C. A espécie A utiliza a espécie B
como suporte para a sobrevivência, e a espécie C nutre-se de B, prejudicando
esta última. Podemos dizer que entre A e B e entre B e C ocorrem,
respectivamente, relações de:
(0,8)
a) mutualismo e predatismo
b) inquilinismo e
parasitismo
c) colonialismo e predatismo
d) forésia e parasitismo
e) sociedade e canibalismo
5. Há um pássaro africano
que se alimenta de restos de alimentos que ficam retidos nos dentes dos
crocodilos. Este é um caso de:
(0,8)
a) parasitismo
b) anabolismo
c) predatismo
d) inquilinismo
e) comensalismo
6. A
luta entre machos de uma população pela posse das fêmeas e delimitação de seus
territórios é um modo de controlar o tamanho da população por meio de: (0,8)
a) fatores do ambiente
b) predação
c) sucessão ecológica
d) expansão
e) competição
7. Os pulgões alimentam-se
da seiva elaborada produzida pelas folhas dos vegetais. A relação ecológica
entre o inseto e a planta pode ser classificada como:
(0,8)
a) predatismo
b) comensalismo
c) mutualismo
d) parasitismo
e) inquilinismo
8. Quais os fatores do
ambiente de que os seres vivos necessitam para sobreviver? (0,8)
9. O que é um ecossistema?
Dê um exemplo. (0,8)
10. O que é uma comunidade?
Dê um exemplo. (0,8)
11. Leia com atenção:
(1,0)
“O coati é um carnívoro
peculiar à fauna brasileira, com focinho alongado, pernas curtas, cauda
comprida, cinzento-amarelado, com estrias e manchas esbtranquiçadas na cara.
Vivem reunidos em número de 10 a 20, trepados nas árvores à procura de
alimento, que consiste tanto em pássaros, ovos e insetos, como em frutos;
também fuçam o húmus à procura de vermes e larvas.”
Reescreva o trecho que se
refere ao nicho ecológico do coati e o que se refere ao hábitat desse animal.
12. No
esquema abaixo você tem várias cadeias alimentares que se relacionam. (1,0)
a) Escreva três cadeias
alimentares
b) Escreva uma cadeia
alimentar que possui quatro componentes
TRABALHO 2ª SÉRIE - VÍRUS E BACTÉRIAS
INQUILINOS DO CORPO
Bilhões de seres minúsculos fazem do organismo humano um gigantesco
condomínio. Mesmo contra a
vontade do proprietário, entram, ficam à vontade e fazem de conta que a casa é deles.
O
homem domina a Terra, certo? Errado. Diante dos mais de 6 bilhões de indivíduos
espalhados em praticamente cada canto do mundo, é compreensível que se
tenha essa impressão. Mas não é nada disso. Os microorganismos são os
verdadeiros donos do planeta. Eles não só o controlam como também colonizam os
seres humanos. Por dentro e por fora, da cabeça aos pés, seu corpo é um
condomínio de bilhões de bichos. Na verdade, há mais micróbios do que células
no organismo. Essa legião de invasores põe o sistema imunológico em permanente
estado de guerra. Mas nem todos os inquilinos são detestáveis. Muitos são
até suportáveis, pois não conseguem causar nenhuma doença grave, e, em
alguns casos, amigáveis, pois fazem bem. Só no aparelho digestivo, existem mais
de 400 tipos de bactérias. Os bichos ocuparam o prédio tão discretamente que
até parecem os donos da casa. Deixe a gente apresentá-los a você nestas
páginas.
Algo
mais
Os lactobacilos são as mais conhecidas
bactérias entre as que ajudam o organismo. Moradoras naturais da boca, do
estômago e do intestino, fazem bem porque produzem ácido lático. Deixam o
ambiente tão ácido que impedem a proliferação de bactérias nocivas.
Moram de graça e ainda estragam tudo
É melhor não se iludir com os bichinhos
quase bonzinhos que você viu na página anterior. “Há certos fatores, como remédios
ou álcool, que desencadeiam a quebra do equilíbrio que transforma uma bactéria
suportável em detestável”, explicou à SUPER Pedro Paulo Chieffi, professor de
Parasitologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e de
Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP).
Um bom exemplo disso é o Staphylococcus
aureus. Ele parece até boa gente. Mora na fachada do edifício em todos os
andares, aos bilhões. Passa o dia limpando a parede externa, a pele. Ajuda a
deixá-la mais bonita, já que se alimenta das impurezas. Mas, se a resistência
do corpo estiver em baixa e houver uma brecha, como um ferimento, ele se joga
na corrente sanguínea. Multiplica-se tão rapidamente que, no caso de
septicemia, uma infecção generalizada, pode até matar (veja SUPER ano 13,
número 1, página 56).
Nem mesmo aqueles bichos que fazem parte da
flora natural do organismo são flor que se cheire. “Esses seres suportáveis,
que existem normalmente em determinados órgãos, não podem ser considerados
parte integrante do corpo”, disse à SUPER Marcos Boulos, professor de Doenças
Infecciosas e Parasitárias da USP. “O que algumas bactérias apresentam
é uma correlação adequada com o ambiente em que se encontram.” Ou seja,
dão-se bem com o hospedeiro, isto é, com o proprietário.
Já com os detestáveis não há negócio. Esse
inquilino é do tipo que estraga o lugar em que vive: quebra janelas,
danifica o encanamento e compromete as fundações. Quando se trata de vermes, a
situação fica ainda pior, já que eles podem, literalmente, se alimentar das
paredes que os abrigam. “Uma grande parte dos microorganismos que vivem em
nosso corpo pode ser perniciosa e muitos chegam a levar o indivíduo à morte”,
disse à SUPER Maria Stela Branquinho, pesquisadora científica da
Superintendência de Controle de Endemias (Sucen). Ela está terminando uma tese
de doutorado na USP sobre a malária, doença que pode ser fatal e que
é provocada pelo plasmódio, um bicho que vive no organismo de 500 000
brasileiros. “Assim como um prédio precisa ser vistoriado por fiscais
regularmente, é bom fazer um exame periódico no organismo. Às vezes, um
inquilino merece ser despejado.”
Para saber mais
Almanaque de Bichos Que Dão em Gente. Sônia
Hirsch, Rio de Janeiro, Corre Cotia, 1998.
Na Internet:
Commtechlab.msu.edu/sites/dlc-me
Algo
mais
Estudar bactérias só é possível com a
ajuda de um microscópio. Embora a invenção seja do final do século XVI, foi o
naturalista holandês Antoine van Leeuwenhoek que, em 1674, desenvolveu o
primeiro modelo capaz de permitir a visualização de uma bactéria. O microscópio
eletrônico, inventado em 1924, pode aumentar uma imagem até 250 000 vezes.
Locatários
razoáveis
Bichos
que incomodam, mas não derrubam o prédio.
Pés na cabeça
Muito privilegiado, o Pediculus humanus
capitis, o piolho, habita a cobertura, isto é, a cabeça. É uma criatura
muito popular entre crianças, cujas cabeleiras infesta. Dona piolha põe
até dez ovos por dia, chamadas lêndeas, que ficam grudadas nos fios de
cabelo. Em nove dias já são adultos, donos do próprio nariz – e dos cabelos dos
outros. Uma boa faxina, com o produto de limpeza adequado, basta para
espantá-los em três tempos.
Boa de bico
Apesar do nome, a Candida albicans não tem nada
de cândida, isto é, de boazinha. É um dos fungos que infectam os seres
humanos com maior freqüência. Mora principalmente na boca e na pele, nos
andares mais altos e nos mais baixos do edifício. É também a culpada pelo
sapinho, pela frieira e pelas assaduras no bumbum dos nenês.
Exibicionista
Aqui o sobrenome já diz tudo: Propionibacterium
acne. Locatária muito vaidosa, a acne faz questão de se exibir em prédios
jovens, recém-construídos, bem na fachada. Condomínios adultos também estão
sujeitos a essa incômoda bactéria, que não causa dor, exceto a do
constrangimento.
Na porta de casa
O vírus da herpes (Herpes simplex) gosta muito
daqueles que você mais ama. Adora morar na sua boca. Apesar de aí não causar
grandes problemas, é altamente contagioso. Pode viver 48 horas em uma
escova de dentes seca e até uma semana se ela estiver úmida. Depois de
instalado, gosta de dar as caras quando o porteiro, ou melhor, as defesas do
organismo, dormem em serviço. E demora muito a ir embora.
Antivazamentos
No intestino, há bilhões de Lactobacillus
acidophillus. Lá, essa multidão ocupa o espaço de micróbios indesejáveis,
impedindo-os de crescer. Dessa forma, ajuda a evitar vazamento no edifício, ou
seja, a diarréia. Eles também moram em outros andares do prédio. Na foto, estão
na vagina, pondo no olho da rua o bicho que causa a sífilis (em amarelo).
Sangue ruim
Apesar de ser a menor espécie de pulga
conhecida (tem apenas 1 milímetro de comprimento), a Tunga penetrans causa
grandes estragos no alicerce do edifício: os pés. Responsável pelo bicho-de-pé,
esse bichinho se alimenta de sangue, mas não permanece no local por muito
tempo: a fêmea morre quinze dias depois de botar mais ou menos 100 ovos.
Turma
da pesada
Locatários
que estragam o imóvel e não pagam aluguel.
Múltiplos males
Oportunista, a Pseudomonas aeruginosa gosta da
garganta – o elevador do edifício. Em condições favoráveis (para ela), também
infecta feridas, queimaduras e o trato urinário. Perigosa, a ela estão
associadas também doenças como pneumonia e meningite.
Trem fantasma
Cada esfera vermelha que você vê na foto
é um Streptococcus pneumoniae. Essa bactéria detesta ficar sozinha e acaba
encostando em outra, como vagões em um trem, formando esses colares. Gosta
muito de apartamentos bem ventilados, mas depois que se instala e se multiplica
estraga todo o sistema com uma doença bem conhecida, chamada pneumonia.
Vizinho inconveniente
A Fasciola hepatica gosta de conhecer os
vizinhos. Quando seus ovos se abrem no organismo, faz questão de viajar pela
corrente sanguínea e, assim, ir até o fígado, onde causa a hepatite. Típico
exemplar de inquilino importuno, sua presença no prédio faz o hospedeiro ficar
fraco. Os zeladores do edifício deviram barra sua entrada.
Gosto pelo esgoto
Como a maioria dos vermes, a Escherichia coli
não é muito afeita a higiene. É encontrada em qualquer parte do
sistema digestivo, mas é mais comum nos esgotos do corpo, o intestino. Nos
adultos não chega a fazer muito mal. Em edifícios mais novos, porém, provoca
diarréias.
Alta temperatura
A inflamação causada pela Chlamydia trachomatis
aparece em todo o sistema genital e urinário do homem e da mulher – uretra,
vulva, vagina, útero e seu colo, trompas e ovários, pênis e testículos. Passa
por contato genital e prospera com o calor. Em casos extremos, pode provocar
impotência sexual em homens.
Malhadores
O Trichinella spiralis entra no corpo com a
carne de porco mal cozida (incluindo salsichas) e vai morar na sala de
ginástica do prédio – ou seja, nos músculos. Pode causar uma dor tão aguda que
exige até hospitalização. Mede 4 milímetros de comprimento. Apesar do
atlético lugar em que moram, as fêmeas duram no máximo dezesseis semanas. Os
machos são ainda menos vigorosos: morrem logo depois da cópula.
Superinteressante setembro de 1999
·
Reconhecer quais são os vírus e bactérias
citados na reportagem;
·
Citar seus nomes científicos;
·
Quais doenças eles provocam;
·
Qual são os sintomas;
·
Qual é a profilaxia para as mesmas;
·
Quais são os estados brasileiros com maior
incidência;
·
Escrever um texto dissertativo sobre a situação
da saúde no Brasil ( mínimo 30 linhas);
Trabalho dentro da metodologia
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